domingo, 5 de maio de 2013

Falta de linhas de transmissão em três estados impede que a energia produzida pelo vento chegue à casa de milhares de brasileiros.



Energia eólica é desperdiçada por falta de linhas de transmissão no NE
Desperdício dos parques eólicos já virou prejuízo para o governo federal.
Produção seria suficiente para abastecer 3,3 milhões de pessoas.
No Nordeste, a falta de linhas de transmissão em três estados impede que a energia produzida pelo vento chegue à casa de milhares de brasileiros. Esse desperdício já virou prejuízo para o governo.
Além da paisagem exuberante, as praias do Nordeste reúnem condições ideais para mover geradores de energia limpa. Na região, não há barreiras para o vento, que é constante. Por isso, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), das 92 usinas em operação no país, 60 estão na região.
"A energia eólica hoje é um meio alternativo, até mesmo para economizar água nos reservatórios. Então, no período de seca, você tem energia eólica gerando para poder suprir essa necessidade", explica o gerente do Parque Eólico, Christian Luz.
O uso do vento na matriz energética brasileira cresceu 73% em um ano. Hoje, a energia eólica representa cerca de 2% da capacidade de energia elétrica disponível no Brasil. Mas poderia ser mais aproveitada.
Para chegar até os consumidores, a energia gerada depende das redes de transmissão, que não são de responsabilidade das empresas que mantém os parques eólicos. E este tem sido um dos principais problemas do setor.
Em três estados brasileiros, Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte, 26 empreendimentos estão prontos para produzir energia, mas ela não é distribuída por falta de linhas de transmissão. A Associação Brasileira de Energia Eólica calcula que seria uma produção suficiente para abastecer, por mês, cerca de 3,3 milhões de pessoas, mais do que a população de Salvador.
Como entregaram os parques eólicos no prazo, as empresas recebem do governo federal o que está previsto nos contratos, mesmo sem gerar energia: só nos últimos nove meses, foram pagos R$ 263 milhões.
"O prazo da construção da linha de transmissão tem que estar sincronizado com a construção do parque. Esse contrato de construção tem que estar fechado com multas, com compromisso, com responsabilidade, de tal forma que seja viável a execução da linha naquele prazo", ressalta Adão Linhares, da Câmara Setorial de Energia Eólica.
Pelo atraso na instalação das redes, a Chesf, responsável pelas linhas de transmissão, foi multada em mais de R$ 8 milhões. Em nota, a companhia atribuiu o atraso às exigências dos órgãos ambientais e ao curto espaço de tempo para montar a distribuição de energia dos novos parques eólicos.
Edição do dia 04/05/2013
04/05/2013 21h08 - Atualizado em 04/05/2013 21h08
Data de acesso:05/05/2013

Frente de Esculacho Popular-FEP,pede exoneração de delegado que trabalhou na ditadura de 1964.



Grupo pede afastamento de delegado que atuou na ditadura
Em Itatiba, interior de São Paulo, Carlos Alberto Augusto foi denunciado em outubro de 2012, mas nomeado delegado em fevereiro passado
São Paulo -- A Frente de Escracho Popular (FEP) realizou hoje (4) um ato na Praça da Bandeira, no centro de Itatiba, cidade a cerca de 80 quilômetros da capital paulista. O objetivo da manifestação, conhecida como "esculacho" foi denunciar publicamente e exigir a exoneração do delegado Carlos Alberto Augusto, conhecido como Carlinhos Metralha ou Carteira Preta, acusado em um processo judicial e apontado por entidades de direitos humanos de ser executor de torturas entre os anos de 1970 e 1977, como agente da ditadura militar.
Metralha fazia parte da equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, apontado como um dos mais ativos torturadores do período. Ele também é acusado de participar do Massacre da Chácara São Bento, em Pernambuco, em 73. Na ocasião, seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) foram assasinadas. Entre elas, Soledad Barret Viedma, que estava grávida do agente infiltrado Cabo Anselmo. Em outubro de 2012, ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por participação no sequestro do militante de esquerda Edgar de Aquino Duarte, em 1971. Em fevereiro desse ano, foi nomeado pelo governo do estado delegado.
“Estamos aqui para denunciar esse torturador, esse carniceiro”, foram algumas das acusações feitas por Nico de Almeida, membro da FEP. O grupo – representado por cerca de 30 pessoas que foram à cidade em ônibus alugado – já realizou outros escrachos, mas esse é o primeiro em que o agente alvo das denúncias ainda está na ativa.
O MPF e a Comissão Estadual da Verdade já ingressaram com ações pedindo a exoneração do delegado de suas funções, baseado no regimento interno da policia civil, que prevê o afastamento de delegados suspeitos de quebras disciplinares graves. A justiça pediu detalhes sobre o histórico de Alberto Augusto para tomar a decisão.
Para os membros do FEP, a presença do suspeito de torturas aos direitos humanos deixa a população vulnerável a outros desrespeitos. “O ato serve inclusive para a comunidade se preparar para denunciar possíveis violências que podem acontecer. A gente está aqui para alarmar, para que eles saibam que o governo estadual, a secretaria de segurança pública colocou para eles. Estão todos vulneráveis de ser vítimas de violências como essas”, afirmou Almeida.
Para Fabiana do Carmo, de 21 anos, a relação de parte da população de Itatiba com a policia na cidade já é ruim, principalmente em relação “os meninos dos morros”. “Eles não podem ver ninguém que parece 'do morro' que já chegam 'chegando'”, ilustrou. Ela conta que mora em um conjunto habitacional e que é comum que a polícia “entre com tudo” para perseguir pessoas. “Muita gente diz que é mais fácil ser protegido por bandidos do que pela polícia. E eu concordo, porque tem certos valores que os bandidos têm que a polícia não tem”, acredita.
Os manifestantes fizeram questão de lembrar que o ato também é contra a violência policial. E lembraram que no próximo dia 12 se completam sete anos dos Crimes de Maio, quando 493 pessoas foram assassinadas em um período de dez dias, na maioria dos casos, com sinais de participação de policiais.
“Não há reconciliação. Não há perdão. Os torturadores têm de ser processados, julgados e punidos. Como aconteceu na maior parte das democracias da América Latina, em países que sofreram também com ditaduras”, encerrou Almeida.
 por Gisele Brito publicado 04/05/2013 17:24


Data de acesso:05/05/2013