Clonagem de celulares:
informações que você precisa saber
As operadoras dizem que seu número está seguro, mas
ainda existem brechas facilitando a vida de criminosos
Você já
recebeu uma ligação em seu celular de alguém que pergunta por outra pessoa
como sendo a proprietária do seu número? Se isso já aconteceu mais de uma vez
nos últimos dias... Atenção! Seu celular pode ter sido clonado.
Foi com
uma dessas situações que a "novela" vivida pelo advogado Francisco
Roberto da Silva começou. Ele teve seu celular clonado não só uma, mas duas
vezes e levou mais de 2 anos para resolver a questão. Aliás, a resolução só se
deu através de ação judicial em que a operadora Vivo, foi condenada a lhe
ressarcir parte dos prejuízos.
"A
Vivo foi condenada a me pagar cerca de R$ 5 mil reais na época, mas isso não
chegou nem perto dos negócios que eu perdi por causa da clonagem do meu
aparelho", explica o advogado. O fato aconteceu há alguns anos, antes
das regras da portabilidade e da chegada da tecnologia GSM, na ocasião a
operadora Vivo, que fornecia o serviço para o advogado, trabalhava com a
tecnologia CDMA.

O advogado Francisco Roberto enfrentou muitos
problemas com clonagem
O
advogado conta que às vezes conseguia interceptar as conversas e ouvia
coisas estranhas. "Escutava alguém dizer 'olha a encomenda já está em
tal lugar', essas coisas". O pior para Francisco foi perceber que a conta
de telefone, que em média custava de R$ 80,00 a R$ 100,00, saltou para R$ 3
mil. "Foi um susto receber uma conta tão alta".
Em
seguida, teve início a disputa com a operadora, que inicialmente lhe informara
que faria testes nas linhas, lhe ofereceu um outro número, o que atrapalhou os
negócios do advogado, já que sem ter amparo da lei da portabilidade ele aceitou
um outro número. Mas, para sua infelicidade, o novo contato também foi clonado.
"Foi
um absurdo, só consegui resolver a situação depois de muito brigar com a Vivo.
Cada ligação para reclamar eu ficava uma, duas horas pendurado na linha e
nada". Francisco só foi ter o caso resolvido depois que entrou com uma
ação na Justiça.
Tecnologias disponíveis
Atualmente,
existem três tecnologias sendo utilizadas no Brasil: TDMA, GSM e CDMA. "A
TDMA (Time Division Multiple Access), considerada a 2ª geração, criada nos
Estados Unidos, está presente em todo o Brasil e possui a maior cobertura
digital, quando começou a ser usada", explica Denny Roger, membro do
Comitê Brasileiro sobre as normas de gestão de segurança da informação (série
27000), e especialista em análise de risco, projetos de redes seguras.

O GSM é a tecnologia mais usada do mundo
Ele
explica que o GSM (Global System for Mobile Telecommunications) foi
desenvolvido a partir do TDMA. "O GSM é a tecnologia mais usada do mundo:
mais de 580 operadoras de mais de 200 países diferentes usam o sistema".
Já a tecnologia CDMA, considerada a 3ª geração, possui melhor desempenho que a
tecnologia TDMA e GSM. Como ponto forte, apresenta alta velocidade na
transmissão de dados e oferece suporte para os avanços tecnológicos.
Livres dos hackers?
O
especialista contrariou todas as operadoras ouvidas pela reportagem ao afirmar
que nenhuma das três tecnologias (TDMA, GSM e CDMA) em uso no Brasil estão
livres das ações dos hackers.
"Para
o atacante conseguir as informações necessárias para realizar a clonagem de um
aparelho, será necessária a utilização de um scanner de freqüência ou um
receptor de rádio de alta freqüência. O segundo passo é identificar um ponto
vulnerável para começar a caçada virtual de aparelhos celulares
desprotegidos", afirma Denny.
Um dos
momentos mais vulneráveis é quando o assinante de uma operadora precisa
realizar uma viagem, o seu celular irá operar fora da sua área de cobertura, ou
seja, em roaming. Quando o celular passa a operar em roaming, será
utilizada, em alguns lugares, a rede AMPS. Essa rede AMPS opera no modo
analógico e possui uma segurança fraca. Apenas os aparelhos que utilizam
a tecnologia TDMA e CDMA, utilizam a rede AMPS quando estão fora da área de
cobertura.

Alguns cuidados previnem que seu celular seja
clonado
Os
celulares possuem uma senha única, composta pelo número da linha somada a mais
um código do aparelho. Essa combinação é chamada de ESN. Quando o celular é
ligado, a senha é transmitida para autenticar o celular na rede. Dessa forma, o
celular saberá qual a ERB (estação radiobase - antena) será utilizada para se
comunicar. Utilizando o scanner de freqüência, o atacante começa uma busca
por aparelhos que estejam utilizando a rede AMPS.
Dessa
forma, o atacante irá conseguir a senha única (ESN) do aparelho e irá transferir
os dados para um aparelho celular (geralmente roubado) para completar o ataque.
"Os aeroportos são um prato cheio para o atacante. Isso ocorre porque a
maioria das pessoas que estão no aeroporto, utilizam seus aparelhos no modo
roaming", afirma o especialista.
Nossa
reportagem ouviu as operadoras TIM, que informou que atualmente utiliza as
tecnologias GSM e WCDMA que, devido a seus algoritmos de cifragem, não permitem
a clonagem do acesso. "Até o momento, a operadora não registrou histórico
de clonagem com uso dessas tecnologias", afirmou através de sua assessoria
de imprensa.
A Vivo e
a Claro também responderam de forma semelhante, afirmando que a tecnologia
GSM está "livre" de clonagens e que as suas redes em CDMA, já
reduzidas, não registram nenhum caso de clonagem há mais de um ano. Mas,
segundo Denny a tecnologia GSM não está livre da ação dos hackers.
Ele
explica que a tecnologia digital, utilizada nos três sistemas (TDMA, GSM e
CDMA), possui mais recursos para garantir a privacidade do usuário. "Os
recursos de segurança disponíveis para a tecnologia digital minimizam problemas
relacionados a clonagem ou escuta no celular. Na tecnologia digital, a voz é
codificada em um sinal digital para ser transmitida, sendo depois decodificada
na outra ponta da linha", esclarece.
Evitando ataques ao aparelho celular
Para
minimizar o risco nos aparelhos que utilizam a tecnologia TDMA e CDMA, o assinante
deverá acessar o menu de configuração de rede do celular e configurá-lo para
operar em modo digital. É importante observar que nem todos os aparelhos
permitem este tipo de configuração e que o assinante terá problemas quando
estiver fora da sua localidade (roaming).
- Evite utilizar o aparelho celular próximo ao aeroporto e rodoviárias. Estes locais são os preferidos dos atacantes, pois existe um grande número de assinantes trabalhando em modo analógico, facilitando assim o ataque.
- Nunca deixe o seu aparelho celular em lojas não credenciadas pelo fabricante, existe o risco do técnico clonar o seu aparelho.
- Nunca compre aparelho celular de uma loja não credenciada pelo fabricante.
- Ao receber muitas ligações erradas, entre em contato imediatamente com a operadora.
- Caso o seu celular tenha sido roubado ou desapareceu por alguns instantes, comunique imediatamente a sua operadora. O seu celular pode ter sido clonado.
Em
contato com nossa reportagem a Anatel foi categórica ao afirmar que os custos
de uma possível clonagem são de inteira responsabilidade da operadora em
questão: "O usuário de celulares não pode ser onerado em decorrência
de fraudes no serviço, devendo a prestadora buscar os meios para
minimizar seus impactos, seja de cobranças indevidas ou a necessidade de novo
terminal.
O
usuário, caso entenda ter sido vítima de fraude ou de clonagem,
especificamente, deve entrar em contato o quanto antes com sua prestadora para
as devidas providências e saneamentos necessários". Acesse agora, na
página da Anatel um roteiro para saber se o seu celular foi clonado.
Por Marcelo Valladão de Sousa em 26/Dez/2011
Fonte: http://www.superdownloads.com.br/materias/clonagem-de-celulares-informacoes-que-precisa-saber.html
Data de acesso:06/05/2013